sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Grande Ensaísta

Uma pausa para uma lágrima...
Morre o gênio de uma língua, José Saramago. O grande Ensaísta de uma humanidade cega.
Dizer o quê? O tempo, agente eficaz e pontual, faz sua parte, imortaliza a obra, o nome, a sabedoria, mas cala fundo a saudade, a ausência da boa e velha figura... sensatez.
Do grande escritor, de sua vida, de sua obra, letras embargadas como mágica pelo e para o homem, resta-nos seu grande Ensaio, o Ensaio sobre sua Vida...
Siga com as águas do sem fim, meu bom e velho mestre, que cá, na tristeza dos que ficam, restará, incólume, a lembrança de tua obra! É dela que vieram muitos fragmentos desta barca. Que os por quês e pra quês sejam respondidos a ti, no lugar distante onde restam as centelhas brilhantes da história dos homens e que é teu por direito.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Partida

Parto desalentado. Deixar atrás todo o conforto do conhecido para, com esta barca de sonhos, rasgar as misteriosas águas do novo, faz qualquer coração pesado. A melancolia da mudança poderá ser coisa assim, um nó sem tamanho em algures da alma?
Parto por este tranqüilo rio, a paisagem é consoladora... em cada margem, em cada palmo que ganho com a barca, o mundo em derredor vai tornado miragem, a liga céu-terra-ar de imagens pálidas... ao longe, lá onde o vasto oceano se inicia, uma grande tormenta se forma. Rumo para a tempestade, para o olho que, nas chamas cruas do homem, revelará, aturdido, a vã busca deste barqueiro.
O cenário é só dor, lembra-me obra impressionista; triste triste em impressão solitária. Um pouco além de onde, agora, estou, uma mulher lava trapos na beira do rio. Ela vai aos prantos, esquecida do mundo, largada aos pés do chiar incessante da água. Leva ao rio um pano carmim, sangue, tão profundo quanto o fel de sua solidão. Deveria, esta alma, labutar em tão triste paragem?
Todo o quadro que a barca desdobra, não sei de onde e quando, faz-me lembrar, autômato, uma outra estória de solidão. Uma estória sobre um grande artista e um vestido carmim. Era mais ou menos assim...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lux ex Tenebris

Inicio pela esperança.
O desvario fino e tranqüilo de, aos quatro cantos, soluçar minha expectativa de viver... escrever, sempre sempre, das coisas ensimesmadas que nos cercam.
Daqui, deste ingênuo e humilde espaço de sonhos, mostrarei minha escrita.
Oxalá possa ela, dentro de seus limites de técnica e criação, agir como se fosse luz; tímida, trôpega, quase névoa, trepidante, mas, e finalmente, como um ponto a luzir pelo denso marasmo do breu das trevas. Alea jacta est!